segunda-feira, 11 de abril de 2022

História de Resende

 Resende era habitada originalmente por índios puris, que a chamavam Timburibá. Em 1744 coronel paulista Simão da Cunha Gago conseguiu autorização da Coroa portuguesa para desbravar a região em busca dessas riquezas. Nessa empreitada, chegou à região da atual Resende, dando ao povoado o nome de "Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova". A descoberta de ouro e diamantes no século XVIII nas capitanias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais foi muito beneficiária para Resende, devido sua localização central entre esses territórios, ajudando em seu rápido desenvolvimento. 

José Luís de Castro, o Conde de Resende
Em 29 de setembro de 1801, o povoado torna-se a "Vila de Resende", nome dado em homenagem ao Conde de Resende, então vice-Rei do Brasil. Com a expansão da cultura cafeeira no século XIX, a Vila de Resende passa por significativo crescimento. Vários sobrados foram construídos nessa época, sendo o primeiro deles o de Benedita Gonçalves Martins, conhecida como a "Rainha do Café". Devido à expansão econômica, e com uma população de cerca de 19.000 habitantes (sendo aproximadamente a metade constituída por escravos), a Vila de Resende foi emancipada à condição de cidade em 13 de julho de 1848 pela Lei Provincial n.º 438. Seis distritos integravam o recém criado município: Cidade, Campos Elíseos, Bom Jesus de Sant'Ana dos Tocos (que acabou submerso pela represa do Funil), Boa Vista (atual Engenheiro Passos), Santo Antônio da Vargem Grande e São Vicente Ferrer (atual Fumaça).

O café era o principal produto da região, tendo destaque a ilustre Fazenda Guapará da família Guimarães, que em meados de 1850, quando a produção cafeeira começava a perder o vapor, produzia com seus misteriosos métodos, o que é considerado o melhor café do país, conhecido mundialmente e apreciado até pela nobreza britânica. A princípio o café seria transportado no lombo de burros para o Porto de Angra dos Reis, percurso que demandava cerca de oito dias, o que levou ao início da navegação pelo rio Paraíba. Eram utilizadas mais de sessenta barcas, que levavam o café até Barra do Piraí. Nessa cidade era feita a baldeação para os trens da Estrada de Ferro D. Pedro II, que seria depois a Estrada de Ferro Central do Brasil. Os trilhos da estrada de ferro chegaram a Resende em 1873, levando ao fim do transporte do café por via fluvial. As riquezas provenientes da produção de café transformaram a vida da cidade. Não apenas o aspecto físico das edificações, que passaram a ser mais urbanizadas e menos rústicas, mas também os costumes e estilo de vida da aristocracia local tornaram-se requintados. Passa-se a importar seda porcelana da Europa, os filhos dos fazendeiros começam a aprender inglês e francês, indo depois estudar no exterior.

A partir de 1850, o tráfico de escravos foi proibido e a mão de obra nos cafezais tornou-se dispendiosa. Além disso, a partir de 1870 as terras passaram a ser menos produtivas, pelo excesso de utilização. No final da década, vários cafeicultores vão para o Oeste Paulista, região da atual Ribeirão Preto, onde havia boas perspectivas para a produção. Todos menos a família Guimarães, que continuava firme com sua produção e com seus funcionários assalariados. Com o êxodo das famílias, as terras resendenses passaram a se desvalorizar, atraindo emigrantes vindos de Minas Gerais, que se instalavam com seu gado nos cafezais abandonados. Iniciava-se assim o ciclo da pecuária na região, levando Resende a produzir um terço da produção leiteira e ser o segundo produtor de queijo e manteiga do estado, no início do século XX. Na década de 1940 tem início a industrialização de Resende, sendo implantada também nessa época a Academia Militar das Agulhas Negras. Com a inauguração da rodovia Presidente Dutra no início dos anos 50, acentua-se a expansão industrial da cidade.

Em 1932 Resende e região foi palco para conflitos da Revolução Constitucionalista, o então presidente Getúlio Vargas chegou até a se refugiar na cidade por algum tempo. O distrito de Engenheiro Passos é criado e anexado ao município de Resende pela Lei Estadual n.º 1.695, de 26 de setembro de 1952. Em 1968 é Finalizada Represa do Funil, que alimenta a malha energética de boa parte do Sul Fluminense e que vem inundar a já esquecida e misteriosa Freguesia de Nosso Senhor Bom Jesus do Livramento de Sant'Anna dos Tocos. E em 6 de julho de 1988, pela Lei Estadual n.º 1.330, parte dos distritos de Engenheiro Passos, Agulhas Negras e Itatiaia são desmembrados de Resende para formar o município de Itatiaia. Pela Lei Estadual n.º 2.494, de 28 de dezembro de 1995, é criado o município de Porto Real, distrito desmembrado de Resende.

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