Escondida na
serra ao sul de Resende, a fazenda Guapará, refletia o desejo de seu fundador
de ter um lugar tranquilo e pouco acessível para poder cultivar o melhor café
já visto no estado do Rio de Janeiro. Tinha cerca de 3.300 alqueires, com
apenas 56 funcionários, é um mistério até hoje como ela produzia a quantidade
de café exportada. O café Guapará era conhecido e almejado por muitos, desde
membros das altas rodas da política brasileira a membros da nobreza britânica.
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Foto de Dom Martim Vaz Guimarães |
A propriedade
foi adquirida em 1850 por um dos últimos homens ainda considerados fidalgos portugueses
no Brasil, Dom Martim Vaz Guimarães (1811-1914), a construção da casa-sede
iniciou-se prontamente e fora ser finalizada em tempo recorde, apenas 3 anos
mais tarde, Guapará estava pronta para exportar suas primeiras sacas de café.
Sabe-se que por cerca de 16 anos fora administrada pelo próprio Dom Martim, que
em 1869 passou as funções administrativas a seu filho, Itamar Costa Vaz
Guimarães (1849 - 1908), que assumiu diretamente as finanças da fazenda, mas o
fidalgo nunca esteve longe da propriedade, e continuou morando na fazenda até o
dia de sua morte. Em 1908, um dos netos de Dom Martim, Lúcio Fabiano Costa
Guimarães (1871 - 1944) assume o controle da fazenda até 1942, e o ultimo
proprietário de Guapará antes de sua dissolução e da venda da casa-sede fora o
bisneto do fidalgo, Martim Lúcio Gomes Guimarães(1919 - 1966), que, mesmo
vendendo partes da fazenda, manteve a produção cafeeira até a década de 60,
vindo a total decadência com seu possível suicídio no ano de 1966.
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Fachada Palacete |
“A jovem de 19 anos, Maria Inácia Freitas Gomes
Guimarães... foi encontrada as voltas da fazenda Guapará, onde mora, em meio ao
cafezal, com ferimentos graves por todo corpo concomitantes com o ataque de um
animal selvagem... as autoridades suspeitam que, ao adentrar as plantações de
café, a jovem foi atacada por um lobo guará que tomara o local por seu território
de caça... a encontraram e levaram para o físico residente no local, doutor
Ignácio Guzzo...”
A jovem fora vista poucas vezes nos anos subsequentes,
sempre sentada, muito magra e com aparência doente, mas nunca fora encontrado
um atestado de óbito, nunca fora feita uma cerimônia fúnebre, ou sequer um
anúncio de sua morte, a garota simplesmente desapareceu. O que é fato é que no
ano de 1966 seu pai, Martim Lúcio, fora encontrado morto nos aposentos de sua
filha com um disparo de revolver na têmpora esquerda, o quarto não parecia
estar em uso, mas estava completamente mobilhado e com todos os pertences da
jovem. Após o falecimento do ultimo Guimarães, a fazenda caiu no esquecimento
popular, seu território fora dividido e leiloado e a belíssima casa sede esquecida
pelo tempo.
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Jornal Tribuna do Povo - 5 de Junho de 1958 |
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